O novo MASP
A primeira vez que eu fui ao MASP foi em 2016, eu tinha 21 anos. Essa também foi a minha primeira vez em São Paulo, então é realmente o tipo de experiência que marca uma vida: ou você se apaixona pela cidade e fica encantado com a ideia de mudar para esse mar de gente e concreto ou você sabe quase instantaneamente que seus encontros com a cidade podem até ser eventuais, mas jamais chamaria esse lugar de casa.
Bom, eu tive essa primeira ideia, a de fazer São Paulo de lar. Acho que uma das coisas que me trouxe essa vontade, essa urgência, foi a possibilidade de visitar um museu tão importante pelo seu acervo, mostras e arquitetura, sabia? A cidade e especificamente o vão do MASP trazem aquele sentimento de se sentir um ser humano pequenininho em maio a uma imensidão de possibilidades e eu me apaixonei por essa experiência. Eu lembro nitidamente de subir as escadas projetadas pela Lina Bo Bardi e ficar impressionada com todo aquele concreto flutuando na avenida Paulista.
É muito bonito observar o papel que uma experiência artística ocupa na vida de um jovem, ainda mais de um jovem que vem do interior e nem sempre teve muitas oportunidades para experienciar esse universo. A arte é o território da liberdade e da reinvenção e quando criança ou adolescente, principalmente com esse sentimento de inadequação, a arte é capaz de nos fazer suportar o mundo.
Uma das minhas lembranças mais felizes da infância inteira é de um dia em que nada aconteceu, mas tudo se imaginou. Como todos os dias, eu brincava sozinha enquanto meus pais trabalhavam parte no emprego deles e parte na roça. Havia uma figueira imensa ao lado de uma estrada de chão dentro do sítio onde moramos, os galhos eram cobertos por barba de velho e na sombra da figueira havia um pequeno lago, na verdade, pequeno demais pra ser lago, grande demais para ser chamado de uma poça. E toda vez que chovia, essa poça-lago enchia e virava casa dos animais mais fascinantes da minha infância: os girinos. No sítio tinha todo tipo de animal que você pode imaginar, mas o que mais me fascinava e me deixava completamente intrigada eram os girinos. Como pode um bichinho daqueles sem pé nem cabeça, quase que literalmente, virar um sapo com olhos expressivos e muita habilidade para saltar depois? E todo esse desenvolvimento, essa metamorfose era feito ali, numa poça-lago, embaixo de uma figueira velha. Nesse dia, os girinos viraram meus filhos, meus amigos, súditos do reino da Marielilândia, o público do meu show me observando cantar sandy e junior ou músicas da novelinha infantil.
Eu só suportei a solidão e inadequação da infância, pois eu tinha a imaginação para me acompanhar. Eu passava os dias inventando histórias curiosas em minha mente, fazia camas imensas e confortáveis com a barba de velho e ali dormia com os sonhos mais incríveis que aquela cabecinha poderia imaginar. Com 7 anos, já havia uma literatura particular em mim e ela me permitia viver.
Até hoje, quando a vida fica muito caótica, eu me recolho na minha imaginação, nessas narrativas inventadas — mas não menos verdadeiras.
Foto: Leonardo Finotti
Seguindo a teoria de Freud, quando nascemos, é o olhar da mãe o primeiro a nos constituir. Só mais tarde que vamos nos reconhecer como um ser para além da mãe, mas na infância, temos esse acesso a esse primeiro mundo privado que habitamos, o de dentro da casa e de dentro da imaginação. Por muitas vezes, como uma criança de zona rural e família simples, é só na imaginação que a gente consegue viver certas coisas: podemos imaginar que vivemos nas cidades grandes que aparecem na tv, podemos imaginar como é ter o brinquedo do momento ou ser algo além das determinações dos nossos pais.
Quem nunca viveu uma experiência dentro de casa ouvindo dos seus pais a descrição de quem você é pelos olhos deles? Quando os pais determinam que o filho ou a filha tal é inteligente, o outro é preguiçoso ou é insuportável? O mais provável é que os filhos assim rotulados cumpram a profecia dos pais. São os nossos pais que nos dão essa primeira versão da narrativa da vida de cada um. E ela nos marca para sempre. Muitas vezes, carregamos essas definições para a nossa vida adulta e nos agarramos a essas como verdades absolutas da nossa existência, mas elas podem ser prisões. A importância dos primeiros anos de escola, desse mundo diferente do mundo de casa, são fundamentais para que outras pessoas nos enxerguem para além das definições que recebemos em casa. De outro modo, temos poucas chances na vida. A educação, o acesso à arte, ao conhecimento são oportunidades que temos para ampliar as narrativas da vida.
Talvez, foi a forma como as minhas professoras da escola pública no município de Maquiné, hoje com pouco mais de 7 mil habitantes, me olharam e me fizeram sentir essa capacidade de ir além, de quebrar as narrativas que me solidificaram na infância. A partir dali, eu comecei a imaginar essa vida com uma figueira e girinos se tornando tantas outras possibilidades, que quando pisei em São Paulo e visitei o MASP pela primeira vez, eu acreditei ser capaz de morar nessa cidade.
A imersão na arte é onde podemos qualquer coisa, inclusive descobrir quem realmente somos.
Foto: Leonardo Finotti
O Museu de Arte de São Paulo inaugurou na sexta-feira, dia 28 de março, o seu novo prédio, o edifício Pietro Maria Bardi, localizado na avenida Paulista. A nova estrutura amplia significativamente o espaço de exposições do museu, dobrando sua área útil e proporcionando mais opções culturais aos visitantes. Temos mais espaço para mergulhar na arte em São Paulo e eu tive um convite super especial de conhecer esse espaço ainda no dia 26, com a presença do Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP desde 2014.
O novo prédio do MASP chega com algumas polêmicas e algumas opiniões que dividem quem vê a obra da rua: tem gente reclamando, quase que pessoalmente ofendida, pelo projeto arquitetônico projetado pela Metro Arquitetos Associados, de Martin Corullon e Gustavo Cedroni.
Bom, na época em que eu cheguei em SP, as obras do novo edifício nem haviam começado, mas sim, já havia um prédio ali que foi erguido em 1958, o antigo condomínio Dumont-Adams, que funcionou como um residencial até os anos 90. Nos anos 2000, depois de algumas tentativas de reforma, o prédio praticamente foi desocupado de vez e ficou abandonado. Depois de uns impasses de patrocinadores, prefeitura e lei Cidade Limpa, só em 2018, a dupla de arquitetos começou o projeto que seria o redesenho do prédio que abrangeria espaços multiúso, cinco galerias de exposição, um laboratório de conservação, uma área para cursos e palestras e um subsolo para a área técnica com docas para receber e despachar obras de arte. Com auxílio de engenheiros, começaram demolindo algumas lajes intermediárias com a intenção de ampliar o pé-direito e seguiram construindo simultaneamente para manter a estabilidade.
Na fachada, a chapa metálica perfurada e plissada aparentemente opaca brinca com a ideia de oposição e complementaridade e é justamente essa fachada que gerou comentários acalorados sobre o visual de um prédio que tem um papel cultural e social tão importante para a cidade. Podemos pensar na chapa metálica preta como uma pele que envolve o edifício, ela é aparentemente opaca, com uma leitura de um volume mais puro, os arquitetos comentam que essa é uma similaridade com o projeto inicial da Lina onde se vê essa volumetria bem-marcada. Ao longo do dia, a chapa preta vai mudando, de acordo com a luz. Tem essa transparência. De dia, você vê lá fora. À noite, é ao contrário. De fora, você verá as pessoas passeando dentro do museu. Não dá para negar que existe certa poesia e beleza nisso, né?
Além disso, essa estrutura não é exclusivamente uma escolha estética. Imagine estar dentro do novo edifício, a chapa preta é posicionada depois do vidro, então o material cria uma espécie de colchão de ar, provocando um sombreamento nos andares. Além dos aspectos visuais, tem uma função técnica. Ela controla a luz que invade as galerias, o que é um fator importante para a conservação das obras de arte. Ela regula a temperatura, sendo muito eficiente do ponto de vista energético. Quando a gente começa a considerar esses pontos e principalmente lembrar que o edifício é anexado ao edifício Lina Bo Bardi, também precisamos considerar o quanto esse conjunto fica harmônico e o quanto a simplicidade e contemporaneidade desse design destacam a obra da arquiteta que transformou o visual de são paulo.
O edifício Pietro Maria Bardi foi projetado para que o edifício Lina Bo Bardi brilhasse ainda mais.
Foto/Reprodução: Blog Porto Seguro
Está cada vez mais claro que uma das principais arquitetas do século 20 foi a italiana Lina Bo Bardi, que emigrou para o Brasil em 1945. Nascida em Roma em 1914, Lina Bo estudou na escola de arquitetura da cidade, dominada na época por conservadores sob as influências de Mussolini. Após se formar em 1940, ela partiu para Milão, que era muito mais aberta à arquitetura moderna e menos presa ao passado romano, à arquitetura fascista ou às inclinações imperiais do regime. Logo após sua chegada, ela encontrou trabalho que deu a Lina experiência em diferentes campos — móveis, moda e utensílios domésticos, bem como arquitetura e urbanismo.
A Segunda Guerra Mundial, sem dúvida, trouxe tempos difíceis e cheios de desafios, a Lina afirmou ter se juntado à Resistência e ao Partido Comunista, contando em suas memórias que os anos que deveriam ter sido de sol, céu azul e felicidade, ela passou no subsolo, correndo e se abrigando de bombas e metralhadoras. Como ela escrevia para revistas de arquitetura, coisa que inicialmente a gente pode não enxergar com um olhar político, mas são muito políticas, teve um artigo em especial que chamou a atenção da Gestapo. Lina conta que escapou de um interrogatório e sabe-se lá o que mais, por um milagre, se abrigando inclusive no subsolo!
Pouco depois do fim da guerra, Lina Bo conheceu Pietro Maria Bardi, um conhecido negociante de arte e jornalista, com quem se casou em 1946. No mesmo ano, partiram do porto de Gênova e chegaram ao Brasil a bordo do cargueiro Almirante Jaceguay, que atracou no porto do Rio de Janeiro. Aqui, os Bardi continuariam suas atividades jornalísticas publicando e dirigindo revistas.
Algum tempo depois de sua chegada, eles conheceram Francisco de Assis Chateaubriand — jornalista, senador e diplomata, que usou seu imenso poder como magnata dos jornais para reunir a melhor coleção de arte europeia na América Latina.
Com a ajuda da experiência de Bardi, ele conseguiu identificar as obras de arte mais importantes que a recessão do pós-guerra havia disponibilizado ao mercado de arte.
Pressionando os ricos industriais e banqueiros de São Paulo, ele conseguiu levantar fundos para um notável museu de arte, que incluía obras de todos os principais impressionistas.
Lina seria a responsável por projetar esse museu, mas seu primeiro projeto real foi a residência que ela construiu para si e seu marido entre 1950 e 1951, hoje conhecida como Casa de Vidro, que marca o início de sua notável trajetória arquitetônica.





Suspensa, a construção lembra uma casa na árvore. Uma escada de metal oscilante conecta o caminho sinuoso aos espaços de convivência acima, sua aparente instabilidade em sintonia com a atmosfera aventureira da casa. Os Bardis viviam cercados por tatus, gambás, preguiças e gatos selvagens; pássaros tropicais brilhavam intermitentemente em meio à folhagem. Sua casa era praticamente um mirante. Grandes faixas de vegetação nativa já haviam sido desmatadas antes de 1950, ambientalista muito antes do termo existir, Bo Bardi mandou replantar a floresta ao redor da casa. A ideia de um verde exuberante da floresta foi um elemento importante para o projeto desde o início, mas a se sabe que a escolha do piso da casa ser azul cor do céu é uma ideia para trazer um senso de continuidade com o horizonte, uma ideia de flutuação, pois a vegetação ainda era muito jovem e por tanto, baixinha, nao era possivel ver as árvores altas e cobrindo as janelas como hoje.
Uma das referências da casa de vidro é o prédio do Ministério da Educação e Saúde no Rio, que havia sido concluído apenas alguns anos antes da chegada do casal ao Brasil. Um dos maiores edifícios modernistas do mundo surpreendeu Lina Bo Bardi, que escreveu em seu diário: “o prédio do Ministério da Educação e Saúde avançou como um grande navio branco e azul contra o céu. A primeira mensagem de paz após a enchente da Segunda Guerra Mundial. Eu me senti em um país inimaginável, onde tudo era possível.”
Quando preenchido com a enorme coleção de arte do casal, o interior adquiriu uma qualidade “vivida”. Um dos problemas com concepções puramente essencialistas de arquitetura é que elas sempre ignoram o uso, mas a Lina, neste caso, não quis fazer uma supressão da domesticidade. O espaço é subserviente à criação de lugares. Embora Bo Bardi nunca tenha reconhecido a influência do gênero em seu trabalho, e talvez também seu treinamento, esses fatores podem ter influenciado seu uso do design de interiores para complicar, se não desafiar, a estética econômica da arquitetura.
Como a casa é construída na crista inclinada de uma colina, a vegetação do primeiro pátio perfeitamente quadrado está na verdade situada no andar térreo abaixo, visto de dentro, folhas e plantas parecem penduradas, no ar, ao redor da sala de estar, suas raízes invisíveis do segundo andar.
No interior, Bo Bardi conseguiu diferenciar as partes, evitando a uniformidade de grandes plantas abertas. Tanto o pequeno jardim quanto a escada dividem o espaço da sala de estar, de modo que a área de jantar em uma extremidade e a biblioteca na outra recebem um certo isolamento. Móveis e arquitetura estão perfeitamente integrados. Bo Bardi usou cores para pontuar o interior cheio de obras de arte e plantas.
A beleza da casa de vidro é de um museu para se viver. A esse respeito, é interessante comparar a Casa de Vidro ao segundo e maior projeto, o Museu de Arte de São Paulo, com o qual ela se sobrepôs cultural e psicologicamente. Apesar das diferenças em escala e destino, ambos compartilham vários traços tipológicos.
A Casa de Vidro é aberta a visitação e funciona às quintas, sextas e sábados em diferentes horários. As visitas são guiadas por educadores, duram em torno de 50min e voce pode comprar seu ingresso no site do Instituto Lina Bo Bardi.







O MASP foi construído em 1968 e foi concebido para ser tanto um museu de belas artes quanto uma galeria de exposição de arte contemporânea. Pinturas de antigos mestres são abrigadas em uma imensa caixa de vidro contida entre duas finas placas de concreto e suspensas bem acima do solo. Bo Bardi forçou os coeficientes de segurança ao máximo. Com seu vão livre de setenta metros, o museu se assemelha a um dirigível gigante atracado ao solo por duas enormes treliças pintadas de vermelho brilhante e subindo de duas piscinas de água. É uma estrutura ousada. Bo transmite uma sensação de leveza ao todo, desafiando a atração gravitacional da massa.
O edifício lança luz sobre a trajetória política e intelectual de Bo Bardi, que antes de embarcar neste projeto, passou cinco anos trabalhando e ensinando em Salvador, Bahia. Seus diários e cadernos estão cheios de esboços tirados da vida cotidiana:
“Aproveitei ao máximo minha experiência de cinco anos no Nordeste do Brasil, uma lição de experiência popular, não como romantismo folclórico, mas como um experimento de simplificação.”
O confronto com o interior brasileiro trouxe uma grande mudança em sua política, bem como em sua estética, ela se livrou de um pouco do polimento que caracterizava Casa de Vidro, o uso de materiais vitrificados, superfícies desmaterializadas, detalhes meticulosamente super projetados para alcançar um experimento popular, ela escreveu:
"Sinto que no Museu de Arte de São Paulo eliminei todo o esnobismo cultural tão amado pelos intelectuais (e arquitetos de hoje), optando por soluções diretas e cruas”.
No MASP, o concreto é deixado em estado bruto. Borracha preta industrial cobre o chão. Tudo fica exposto: dutos de ar, encanamentos, o elevador em seu poço de vidro. A transparência adquiriu um novo significado transitivo, uma espécie de reciprocidade. A cor — o vermelho brilhante — faz uma aparição marcante em seu trabalho, que dá uma sensação de festividade que ela associava à arquitetura brasileira
O MASP mostra o quão atenta ela estava às tendências contemporâneas em arte e arquitetura; a crescente importância do concreto, o uso ousado de cores e a escolha de materiais. Ela não estava mais satisfeita em projetar um edifício europeu em solo brasileiro.





Como muitas arquitetas de sua época que conseguiram entrar em uma profissão que ainda é reservada aos homens, Lina Bo Bardi pouco falou sobre essa questão. Na verdade, ela tinha muito pouco a dizer sobre as mulheres e ocasionalmente as rejeitava com a mesma atitude depreciativa de seus colegas homens, cujos parâmetros ela internalizou. Nenhuma mulher pode ser encontrada na lista de seus colaboradores. Bo Bardi geralmente aparece em fotografias cercada por homens, geralmente intelectuais conhecidos. No entanto, o fato de que as arquitetas de sua época às vezes se identificavam com os homens parece ter dado a elas uma ponte psicológica da qual podiam operar em uma posição de poder em vez de submissão. O famoso visual do blazer que a gente tanto fala no mundo da moda e como até hoje o que a gente veste e como a gente se comporta ainda podem ou não nos fazer ser ouvidas em uma sala.
Mas é claro que o gênero teve impacto no trabalho de Bo Bardi, ela pode ter construído mais do que outras arquitetas, mas recebeu menos encomendas importantes do que seus pares homens no Brasil. Ela escreveu: “Tenho inibições arquitetônicas. Não é uma pose, é uma doença: não consigo projetar um banco, uma mansão, um hotel. Eu adoraria ter sido chamada para projetar talvez um hospital, escolas, casas ‘populares’, mas isso nunca aconteceu.”
Para as mulheres de sua geração, o importante era construir, e ela o fez, contra todas as probabilidades, com tenacidade, habilidade e originalidade extraordinária. No final das contas, o que importa é a nossa atitude e nosso propósito ao falar sobre seu trabalho. O objetivo é sempre questionar o processo ideológico que as excluiu. A obra de Bo Bardi testemunha a paixão com a qual ela desafiou sua profissão, seus colegas e seu próprio passado. Não devemos menos ao seu trabalho.
Lina Bo Bardi e Pietro Maria Bardi foram figuras proeminentes no cenário cultural brasileiro. O casal promoveu diversas atividades de formação e produção no campo das artes, da arquitetura e do design. Juntos, doaram ao país o resultado de uma vida de trabalho pela arte e cultura brasileira. Lina, arquiteta, desenvolveu projetos que renovaram a produção da arquitetura brasileira e contribuíram para uma mudança no pensamento arquitetônico no Brasil e no mundo. Pietro Maria foi um dos fundadores e, por décadas, diretor do Museu de Arte de São Paulo, uma das instituições de maior relevância no cenário brasileiro com um dos acervos mais importantes da América do Sul.
Ao final de suas vidas, fundaram o Instituto Bardi, deixando a Casa de Vidro como sede da instituição.
Após a morte de Lina em 1992, o reconhecimento desses anos de trabalho foi potencializado pelo Instituto Bardi, graças a suas exposições, publicações e presença na mídia. Lina tornou-se uma referência internacional. O século 21, mais especificamente o pós crise de 2008, viu vários dos seus temas e posições tornarem-se pauta do debate sobre cultura, meio-ambiente, patrimônio histórico e produção material da arquitetura e dos objetos.
Como alguém que frequentemente volta a se apaixonar por São Paulo, a experiência de ver esse novo prédio tomar forma e consistência para virar um espaço que promove a arte e opera como uma ferramenta capaz de ampliar narrativas de vida, me preenche muito. Dá até uma esperança no coração de ver momentos como esse se repetindo pela cidade com um amor à arquitetura, aos nossos arquitetos e a nossa história como povo múltiplo e muito habilidoso nessa alargamento do ser e nessa busca de ser quem nós somos, que é completamente única e intransferível.